Alexandre Porto
LUÍS ANTÔNIO PIMENTEL (1912-2015)



Referência para muitas gerações nas áreas em que atuou, Luís Antônio Pimentel foi ao longo de sua vida um ativo militante de sua profissão, de suas bandeiras e principalmente da cultura. Jornalista dedicado, fotógrafo, pesquisador e poeta, além de ser um dos precursores do haicai no Brasil, foi membro da Academia Fluminense de Letras – AFL, da Academia Niteroiense de Letras - ANL e presidente de honra no Grupo Monaco de Cultura, além de um dos fundadores da Sociedade Fluminense de Fotografia.

Nasceu em Miracema (RJ), em 29 de março 1912, posteriormente se mudando para Niterói. Sempre se mostrou engajado nas causas a favor da história da cidade de Niterói, colaborando decididamente para a consolidação das instituições culturais locais.

Pimentel mudou-se para Niterói aos dois anos de idade, e viveu desde os 5 anos na mesma casa. Na escola, aprendeu o ofício de entalhador e marceneiro, desenvolvendo uma placa comemorativa feita na infância que hoje adorna a escadaria da Biblioteca Pública de Niterói. Sobrinho do literato Figueiredo Pimentel, de quem sempre reconheceu a influência da obra sobre os primeiros trabalhos literários, o professor começou a trabalhar como jornalista em 1935.

Num plantão de carnaval na Gazeta de Notícias, viu o anúncio de uma bolsa de estudo no Japão. Foi para lá em 1937, único brasileiro em um bairro só de japoneses. Esteve fora entre 1937 e 1942. Na volta, trouxe seu livro “Namida no Kito”, de 1940, o primeiro de um poeta de língua portuguesa traduzido e publicado em japonês. Trouxe também a paixão pelo haicai, pequenos poemas típicos do país.

O autor também reconheceu ter se permitido inovar esse estilo de poesia ao tratar de temas tropicais, criando também o haicai erótico, o engajado politicamente e o étnico. Contudo, estas pequenas transgressões não corromperam o cânon estético inaugurado por Matsuô Bashô, como a rigorosa métrica e a exigência da indicação da estação do ano (Kigo) e dos fenômenos da natureza nas composições.

No Brasil, o jornalista tornou-se um dos precursores desse estilo, ao lado de Olga Savary e Helena Kolody, tendo trabalhado para a inclusão do termo “haicai” na língua portuguesa e para a sua inclusão em dicionário. Na época, Pimentel encaminhou o pedido a Aurélio Buarque de Holanda, por intermédio do gramático Celso Cunha, evitando que o termo se dispersasse em outras transliterações.

Formou-se em 1952, na terceira turma do curso de Jornalismo no Brasil. Seu patrono na formatura é o mesmo da cadeira que ocupou na Academia Niteroiense de Letras, desde 1973, José do Patrocínio. Foi um dos jornalistas mais antigos a exercer a atividade, como colunista da área de cultura fluminense do jornal A Tribuna desde a década de 1950. Luís Antônio Pimentel morreu aos 103 anos, em 06 de maio de 2015, em Niterói, após um quadro de pneumonia.

Ao longo de sua vida, o escritor teve sua obra poética traduzida também para o inglês, o alemão, o francês, o espanhol e o sueco. O professor, folclorista, pesquisador, historiador, fotógrafo, haicaísta, jornalista, poeta e, principalmente, apaixonado por Niterói, escreveu cerca de 15 livros, entre eles estão “Contos do velho nippon”, de 1940, “Tankas e haicais”,de 1953, “14 Igrejas que contam a história de Niterói”, de 1986, e “Topônimos Tupis de Niterói”, um glossário de verbetes em tupi, de 1980 “Cem haicais eróticos e um soneto de amor nipônico”,de 2004, “Haicais Onomásticos”, de 2007.

Além da primeira biografia, assinada por Alaôr Eduardo Scisínio, a obra do poeta recebeu diversos estudos, como o escrito pelo filósofo brasileiro R.S. Kahlmeyer-Mertens, que nos últimos anos vem dedicando trabalhos sobre a produção de haicais do poeta, destacando o relevo do pensamento de Pimentel para a contemporaneidade.

Memorialista e biógrafo, sendo carinhosamente chamado de "homem-enciclopédia", Pimentel foi em seu centenário homenageado pela Secretaria Municipal de Cultura e pela Fundação de Arte de Niterói, por meio da editora Niterói Livros, com a reedição, em um volume, de dois de seus mais importantes livros: "Eles Nasceram em Niterói" e "Topônimos Tupis de Niterói", obras básicas para se conhecer a história da cidade.




Publicado em 15/08/2021









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Com formação em Engenharia Florestal, eu, Alexandre Porto, já fui produtor orgânico de alimentos e apicultor, mas hoje ganho a vida como escriba (Enciclopaedia Britannica do Brasil, Fundação de Arte de Niterói). Há 20 anos me dedico a pesquisar a História de Niterói, minha cidade natal, do Vasco, meu incompreendido time de futebol, e da Música Popular Brasileira, minha cachaça. Por 15 anos mantive uma pioneira rádio online no Brasil, a "Radinha". Pra quem quiser me encontrar nas redes, seguem os links:
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