(Memória, 22 de novembro de 2001)
As telhas do palacete foram substituídas na obra de restauração e recuperação que foi iniciada em 1997
No dia em que completa o seu 428° aniversário, a cidade de Niterói também comemora a reabertura de uma das suas construções de maior valor histórico e arquitetônico: o Solar do Jambeiro, em São Domingos, que acaba de ser restaurado pela Fundação de Arte de Niterói (FAN) e estará aberto à população a partir de amanhã.
Além de conservar aspectos históricos e estéticos do século XIX, preservados em seu conjunto arquitetônico, o Solar do Jambeiro deverá se tornar um centro de referência da pintura brasileira do século passado, passando a abrigar exposições dos mais importantes pintores paisagistas desse período.
Histórico
Originalmente construído em pedra e cal, numa chácara arborizada de São Domingos, o Solar do Jambeiro foi erguido em 1872 pelo comerciante português Bento Joaquim Alves Pereira para abrigar uma numerosa família. Com autênticos azulejos portugueses, é um exemplar notável da arquitetura residencial urbana de meados do século XIX.
|
Autênticos azulejos portuguêses foram artisticamente recuparados para compor a tradicional Casa |
Em 1892, o solar foi vendido ao diplomata dinamarquês Georg Christian Bartholdy e em 1903 tornou-se sede do Clube Internacional. Entre os anos de 1911 e 1915, o palacete foi alugado às Irmãs Dorothéas, que nele instalaram o Colégio da Sagrada Família e, em 1918, passou a ser ocupado por Pedro de Souza Ribeiro, chefe da Guarda Nacional. A partir de 1920, a família Bartholdy passou a residir no palacete, realizando obras de modificação no interior.
Em 1974, a propriedade foi tombada pela Secretaria do Património Histórico e Artístico Nacional (Sphan), e em 1997 foi desapropriado pela Prefeitura de Niterói, que anunciou um projeto de reforma para resguardar a integridade física e restaurar aspectos históricos e arquitetônicos da construção.
Exposição
A exposição inaugural preparada para o Solar é uma apresentação das técnicas adotadas na própria recuperação do prédio e tem como objetivo conscientizar os visitantes a respeito da importância das intervenções restaurativas em prédios de valor histórico.
Os visitantes terão a oportunidade de rever com detalhes todo o processo de recuperação estrutural, substituição das telhas, desmontagem, recuperação dos jardins, recolocação dos pisos e os tipos de madeira existentes e inseridos durante a restauração das esquadrias.
Além de palestras e cursos, estão programadas também oficinas (workshops) com as técnicas utilizadas no restauro do Solar, entre elas a de restauração de azulejaria, decorações em gesso, serralheria, paisagismo e pintura. Toda a documentação gerada durante o processo de restauração do Solar do Jambeiro, desde os trabalhos de levantamento e diagnóstico até às obras de restauração estarão à disposição dos visitantes. O Solar do Jambeiro fica na Rua Presidente Domiciano, n°195.
Por Fábio Borges para O Fluminense